quarta-feira, 13 de abril de 2011

Pesquisa realizada no site do Hospital AC Camargo tira dúvidas sobre diagnóstico e tratamento do Câncer de Mama.


Em pesquisa aos sites de referencia em oncologia, para que possamos manter nossa qualidade e o compromisso da informação com caráter educativo e preventivo, levamos até você as referencias do Hospital A.C. Camargo sobre Câncer de Mama.

Descrição
A mama é constituída por estruturas produtoras de leite (lóbulos), ductos, que são pequenos canais que ligam os lóbulos ao mamilo; gordura, tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e vasos linfáticos.
Vasos linfáticos são semelhantes aos vasos sanguíneos, só que em vez de sangue, transportam linfa, um líquido que contém células do sistema de defesa, gordura e proteínas. Ao longo dos vasos linfáticos há pequenos órgãos em forma de feijões, ou gânglios ou nódulos linfáticos ou ainda linfonodos, que armazenam glóbulos brancos chamados linfócitos. A maioria dos vasos linfáticos da mama leva a gânglios linfáticos situados nas axilas, denominados nódulos ou gânglios axilares. Se as células cancerosas atingirem esses gânglios, a probabilidade de que a doença se espalhe para outros órgãos é maior.
A maioria dos cânceres de mama começa nos ductos (carcinomas ductais), alguns têm início nos lóbulos (carcinoma lobular) e os demais nos outros tecidos.

Saiba Mais:
O que causa o câncer de mama?  
O câncer de mama é causado por alterações genéticas, estas alterações podem ser estimuladas por fatores ambientais como: tabagismo, uso de hormônios ( TRH – terapia de reposição hormonal), inicio da menstruarão em idade muito jovem, menopausa em idade mais tardia, menor numero de gravidez e gravidez em idade cada vez mais tardia, excesso de peso e ingestão de bebida alcoólica ou também por fatores genéticos.

Quais os principais tipos de câncer de mama?

•    Carcinoma ductal in situ – consiste em um câncer de mama em fase inicial, que a principio, não teria capacidade de desenvolver metástase

•    Carcinoma ductal invasivo – é o tipo mais comum de câncer de mama. Apresenta capacidade de desenvolver metástase

•    Carcinoma lobular invasivo – é o segundo tipo mais comum de câncer de mama e está relacionado ao risco de desenvolvimento de câncer de mama na outra mama e também ao câncer de ovário. Apresenta a possibilidade de desenvolver metástase.
Quais são os tipos de lesões pré-cancerígenas?
As lesões mamárias que predispõem a câncer de mama são:

•    Carcinoma Lobular in situ ou Neoplasia Lobular.

•    Hiperplasia ductal atípica

•    Hiperplasia lobular atípica
Homem pode ter câncer de mama?
Sim. O desenvolvimento do câncer de mama em homens está relacionado à presença de histórico de câncer na família, síndromes de predisposição genética, radioterapia em região torácica, dentre outros.
O uso de exames preventivos aumentou bastante o número de casos de câncer identificados antes de causar sintomas. 
Quais os sintomas do câncer de mama?
O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de um caroço. Nódulos que são indolores, duros e irregulares têm mais chances de ser malignos, mas há tumores que são macios e arredondados. Portanto, é importante ir ao médico. Outros sinais de câncer de mama incluem:

 •    Inchaço em parte do seio
•    Irritação da pele ou aparecimento de irregularidades na pele, como covinhas ou franzidos, ou que fazem a pele se assemelhar à casca de uma laranja
•    Dor no mamilo ou inversão do mamilo (para dentro)
•    Vermelhidão ou descamação do mamilo ou pele da mama
•    Saída de secreção (que não leite) pelo mamilo
•    Dor no mamilo ou inversão do mamilo (para dentro)
•    Um caroço nas axilas
Quais os sintomas do câncer de mama no homem?
De forma semelhante ao câncer de mama feminino, este tumor no homem é assintomático na sua fase inicial. O sintoma mais comum é o aparecimento e rápido crescimento de um nódulo (caroço) na mama. Outros sintomas podem ser: retração ou edema da pele, secreção pelo mamilo e dor que só aparecerá em fases mais avançadas da doença.
Exames de Rastreamento
Consistem em modalidade de exames de imagem que tem a finalidade de detectar um tumor em fase inicial antes de ser percebido pelo médico ou pela própria paciente.

O principal exame de rastreamento para câncer de mama é a mamografia e que em alguns casos poderá ser complementada por ultrassonografia ou ressonância magnética de mamas

A recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia é que as mulheres iniciem a mamografia a partir dos 40 anos e com periodicidade anual. Em algumas circunstâncias a idade deverá ser antecipada bem como a frequência de acordo a indicação medica.

Como é feito o diagnostico das lesões pré-cancerígenas?
O diagnóstico destas lesões é feito com base em alterações na mamografia ou ultrassonografia, por meio de algum tipo de biopsia -  biopsia de agulha grossa ou mamotomia associada ou não a biopsia cirúrgica.
O que significa BI-RADS?
O sistema BI-RADS (Breast Image Reporting and Data System) é o nome de um sistema de padronização de laudos de exames de imagem de mama podendo ser aplicado a alterações na mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética. De uma forma geral cada classificação significa:

 •    Categoria zero – exame não conseguiu caracterizar alterações – necessita de outros exames complementares

•    Categoria 1 – significa exame normal – recomendado controle em 1 ano

•    Categoria 2 – significa presença de alterações benignas – sem risco de câncer - - recomendado controle em 12 meses

•    Categoria 3 - significa alterações provavelmente benignas – risco de câncer de 3%  - recomendado controle em 6  meses

•    Categoria 4 - significa alterações suspeita para malignidade – risco de câncer de 20%  - necessita de realização de biópsia e avaliação anatomopatológica

•    Categoria 5 - significa alterações provavelmente maligna– risco de câncer de 95% - indicado ressecção cirúrgica podendo ser realizado alguma modalidade de biopsia pré-operatória

•    Categoria 6 – significa lesão já biopsiada e com diagnostico de câncer - pode ser usada para classificação dos achados de uma mamografia de monitoramento após quimioterapia neoadjuvante.

Quais os tipos de biopsias disponíveis?
•    As biopsias mamárias são indicadas quando temos alguma alteração no exame clinico ou quando encontramos alterações nos exames de imagem. Os principais tipos são:

•    Punção aspirativa de agulha fina (PAAF)  - utilizada principalmente para a aspiração de cistos podendo ser utilizada para avaliação de nódulos

•   Biopsia de agulha grossa ou core biopsy – utilizada principalmente para nódulos sólidos maiores de 5 mm

•   Mamotomia – utilizada principalmente para áreas de microcalcificações. Permite a colocação de clipe metálico na mama

•   Biopsia cirúrgica – consiste na realização de ressecção por meio de cirurgia. È utilizada quando a lesão é  suspeita de câncer (BIRADS 5), quando as outras modalidades de biopsias forem inconclusivas ou quando se tem área de microcalcificação muito extensa.

Quais os diagnósticos que podemos ter após a realização de uma biopsia de mama?
Após a realização de uma biopsia de mama podemos ter genericamente 3 diagnósticos:•    Lesão benigna
•    Lesão pré-cancerígena
•    Lesão cancerígena
Estou com o diagnóstico de câncer de mama e agora o que devo fazer?
Após uma biópsia comprovando o diagnostico de câncer de mama as pacientes deverão procurar tratamento médico especializado no qual o médico irá efetuar uma avaliação global da paciente, através da historia clinica, exame físico, podendo ser complementado com exames de imagem (Rx de tórax, cintilografia óssea, ultrassom de abdômen e pelve) ou outros a depender do estadiamento.
O que é estadiamento tumoral?
Consiste em um método de classificar o grau de extensão do tumor. È feito baseado no tamanho do tumor aferido pelo exame físico e baseados nos exames de imagem. Se refere a 3 variáveis (TNM):
T – se refere ao tamanho do tumor na mama
N –se refere ao acometimento metastático dos gânglios da axila
M – se refere ao acometimento metastático de outros órgãos
Não se sabe exatamente o que causa o câncer de mama, mas há alguns fatores de risco associados à doença. Fator de risco é qualquer coisa que aumente as chances de aparecimento de uma doença. Alguns podem ser controlados (como fumo, hábitos alimentares) e outros não, como idade e histórico familiar. Mas a exposição a um ou mais fatores de risco não significa que a mulher vá necessariamente ter câncer de mama; apenas que corre maior risco de ter a doença.

Quanto mais cedo o câncer de mama é diagnosticado, maiores as chances de o tratamento ser bem-sucedido. O objetivo dos exames preventivos é encontrar o câncer antes mesmo dele causar sintomas. O tamanho do tumor e sua capacidade de se espalhar são os fatores mais importantes para o prognóstico da doença.
Como posso prevenir o câncer de mama?
As principais formas de prevenção do câncer de mama estão relacionadas a mudança no habito de vida como: controle do peso, pratica de atividade física, evitar ingestão de bebidas alcoólicas e tabagismo, evitar uso de TRH por mais de 5 anos.
A mamografia previne câncer de mama?
A mamografia é o exame mais importante para o diagnóstico precoce do câncer de mama. No entanto, ela não previne o seu aparecimento, apenas proporciona a possibilidade de um diagnóstico em fase inicial.
Tratamento Localizado xs Tratamento Sistêmico
O objetivo do tratamento localizado é tratar o tumor sem afetar o resto do organismo, como no caso da cirurgia e da radiação. Já o tratamento sistêmico é administrado por via oral ou injetado e atinge todo o corpo, como nos casos da quimioterapia, hormonioterapia e imunoterapia.

As células do tumor podem se desprender e viajar para outras partes do corpo já nos estágios iniciais do câncer, podendo dar origem a outros tumores. Por isso, muitas vezes, mesmo quando não parece haver mais sinal de câncer após a cirurgia é usada a chamada terapia adjuvante, que mata essas células. Algumas pessoas recebem quimioterapia antes da cirurgia para encolher o tumor, na chamada terapia neoadjuvante.
Como é realizado o tratamento para o câncer de mama?
O tratamento do câncer de mama é primordialmente cirúrgico podendo ser complementado com radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia.
Qual o tratamento para o câncer de mama no homem?
Em linhas gerais, segue o mesmo tratamento para o câncer de mama na mulher. Geralmente a cirurgia consiste na realização de mastectomia com pesquisa de linfonodo sentinela ou esvaziamento axilar. Pode ser necessário a complementação com radioterapia e quimioterapia
Quais os tipos de cirurgias mamárias?
1 - Cirurgia Conservadora ou quadrantectomia - cirurgia que consiste em retirada parcial da mama. Todos estes casos devem ser complementados por radioterapia. Está indicada para pacientes com:
              a - tumores em fase inicial
              b - mamas de volume adequado e que o resultado estético final seja satisfatório

 2- Mastectomia: cirurgia que consiste em retirada total da mama.  É  reservada para pacientes que:
              a - apresentam tumores avançados (lesões de grande tamanho ou com envolvimento da pele)
              b - pacientes que já foram submetidos a tratamento com radioterapia em região mamária ou torácica anteriormente
              c - por opção da paciente como uma tentativa de evitar tratamento com Radioterapia

Quais os tipos de cirurgia axilar?
•   
Pesquisa de Linfonodo Sentinela (LS) - consiste na retirada de um ou mais  gânglios da axila que seriam os primeiros a serem acometidos por células tumorais que escaparam do tumor da mama e migraram para os gânglios axilares.  Para a execução deste procedimento é realizada a injeção de uma substância na mama na véspera da cirurgia. Na hora da cirurgia o cirurgião identifica este gânglio e envia para o patologista que o examina na hora. Neste momento o patologista poderá dizer o grau de comprometimento, conforme:

     - Linfonodo sentinela  comprometido: o cirurgião irá proceder ao esvaziamento dos gânglios da axila neste mesmo momento

     - Linfonodo sentinela não comprometido: o cirurgião irá finalizar o procedimento cirúrgico naquele momento e aguardar o resultado definitivo.

       No resultado definitivo, que demora alguns dias e consiste de estudos minuciosos, poderemos ter os seguintes laudos:

       - Linfonodo Sentinela livre de metástase - significa que está verdadeiramente livre de metástase e o procedimento cirúrgico se finalizou

       - Linfonodo Sentinela comprometido - este diagnóstico implica em uma nova cirurgia para proceder ao esvaziamento dos gânglios da axila.


•    Linfadenectomia Axilar (Esvaziamento axilar) - A linfadenectomia axilar consiste na retirada de vários gânglios da axila e habitualmente tem indicação de princípio para pacientes que apresentam:

    - tumores avançados (lesões de grande tamanho ou com envolvimento da pele).
     - comprometimento dos gânglios axilares
     - linfonodo sentinela comprometido por metástase
Quando é indicada a reconstrução mamária?
Para as pacientes que necessitam fazer Mastectomia. A reconstrução mamária poderá ser realizada de forma imediata ou tardia de acordo com o caráter da doença e discussão entre médico e paciente.
Quem poderá fazer uma reconstrução na hora da cirurgia?
A reconstrução mamária imediata, ou seja, aquela que ocorre na hora da cirurgia, pode ser indicada para pacientes que apresentam tumores em fase inicial e que não será necessário uso de radioterapia pós-operatória
Para quem é recomendável fazer reconstrução tardia?
A reconstrução mamaria tardia fica reservada para os casos em que a paciente apresenta tumores agressivos, avançados, com comprometimento extenso de pele e que deverá fazer radioterapia após a cirurgia. Neste caso, a reconstrução poderá ser feita quando a pele estiver recuperada dos efeitos da radioterapia e conforme indicação médica.
Quais os tipos de reconstrução disponível?
Reconstrução com uso de prótese de silicone

•    Prótese expansão –  está indicada para cirurgias de mastectomia no qual se retira muita pele inviabilizando a colocação de uma prótese definitiva. A prótese expansora consiste em uma prótese com revestimento externo de silicone que é implantada na hora da cirurgia, de forma vazia sendo preenchida com soro gradativamente depois da cirurgia até atingir o volume desejado. Deve ser substituída por uma prótese definitiva.

•    Prótese definitiva  – consiste na prótese convencional, totalmente preenchida por gel de silicone coesivo. É indicada para casos em que a retirada de pele foi pouca, mantendo um envelope cutâneo capaz de acomodar seu volume

•    Reconstrução com tecidos autólogos (tecidos da própria paciente)

•    Músculo grande dorsal – consiste na reconstrução mamária com retirada de músculos da região das costas que deverão ser transportados para a região da mama. Normalmente é necessária a colocação de prótese de silicone para complementar o volume. É indicado em casos de grande retirada de pele e para as pacientes que deverão realizar radioterapia pós-operatória.

•    TRAM – consiste na reconstrução mamária com utilização de pele e musculatura do abdômen. Normalmente dispensa a necessidade
de prótese de silicone associada. É indicado em casos de grande retirada de pele e para as pacientes que deverão realizar radioterapia pós-operatória
O que é radioterapia?
A radioterapia consiste em uma forma de tratamento localizado que visa destruir células tumorais, empregando feixe de radiações ionizantes, e diminuir a chance da doença voltar no local operado.
Quem deverá fazer radioterapia?
A radioterapia é indicada para todo paciente com câncer de mama que faz uma quadrantectomia (ressecção parcial da mama)  ou para os que fazem mastectomia e que apresentam tumor com mais de 5 cm ou gânglios na axila comprometidos por células tumorais.
O que é quimioterapia?

A quimioterapia consiste em uma forma de tratamento sistêmico, ou seja, para todo o corpo, e visa tratar alguma célula que eventualmente saiu da mama (metástase). São administrados de forma endovenosa e podem ter alguns efeitos colaterais como náusea, vômitos, diarréia, queda de cabelo, entre outros.
Quem deverá fazer quimioterapia?
A necessidade de quimioterapia será decidida pelo médico oncologista clínico após o término do tratamento cirúrgico e será baseado no tamanho do tumor, presença de gânglios axilares comprometidos, idade e condições clínicas gerais dos pacientes
O que é hormonioterapia?
A hormonioterapia consiste em uma forma de tratamento sistêmico através da administração diária de comprimido por um período de 5 anos.
Quem deverá utilizar hormonioterapia?
 
Deverá ser utilizado pelas pacientes que apresentam tumores de mama que apresentam receptores hormonais positivos. Estes receptores são identificados no laudo da biopsia.
Após terminada toda a fase de tratamento com cirurgia, quimioterapia e radioterapia como deverá ser o acompanhamento e com qual frequência é necessário retornar ao médico?
Após esta longa jornada de tratamento, visitas frequentes ao hospital é chegada a hora de tentar retornar às atividade habituais. Em relação ao acompanhamento médico, este deverá ser feito a cada 3 meses no primeiro ano, a cada 4 meses no segundo ano, semestralmente do 3º ao 5º ano e a partir  do 5º ano anualmente.
O que  é  e para quem está indicada a cirurgia de redução de risco?
A cirurgia de redução de risco, conhecida como adenomastectomia profilática, consiste na retirada da glândula mamaria, com preservação da aréola e mamilo e colocação de prótese de silicone e está indicada para pacientes que apresentam mutação genética nos genes BRCA1 e BRCA2 e em alguns casos de pacientes de alto risco e com lesões precursoras ou marcadoras de câncer de mama.
Quando deverá ser realizada a adenomastectomia profilática?
A cirurgia deverá ser efetuada após discussão com mastologista, geneticista e psícologo
Quais os riscos da cirurgia?
Os principais riscos da cirurgia são: necrose e perda de sensibilidade do mamilo e areóla,

domingo, 3 de abril de 2011

Tenho um nódulo na mama! E agora?

O Grupo Andanças em parceria com o Jorinal Diário de Sorocaba, publica semanalmente informativos sobre a Prevenção e Conscientização do Câncer de Mama tendo em vista cumprir uma proposta sócio educativa junto a comunidade sorocaba.
Confira o artigo dra Alice Francisco, colaboradora técnica do Grupo Andanças.


Tenho um nódulo na mama – e agora?
O nódulo de mama corresponde ao crescimento de um tecido que se desenvolve dentro da mama. Pode ser bem definido, ou ser simplesmente uma área da mama mais proeminente ou diferente do tecido mamário em volta ou da outra mama. Na grande maioria dos casos, ter um nódulo de mama não significa ter um câncer de mama. A maioria é benigna.
Os nódulos na mama podem ser cistos, nódulos sólidos benignos (o mais comum chama-se fibroadenoma), e menos freqüente, o câncer de mama.
Os cistos mamários são semelhantes a bexigas d´água dispersas pela mama. Pode haver um cisto ou vários, o que não implica em gravidade da doença, nem no risco de desenvolvimento de um câncer na mama. São comuns em mulheres em torno dos 40 anos, e tendem a desaparecer após a menopausa, ao menos que a mulher esteja fazendo reposição hormonal. Os cistos geralmente não requerem tratamento, somente acompanhamento médico regular.
Dos nódulos sólidos benignos, o mais comum é o chamado fibroadenoma. Ocorre geralmente em mulheres jovens, entre 20 e 30 anos, e aparece como uma tumoração móvel, geralmente indolor, podendo aumentar durante a gravidez e a amamentação. O tratamento inclui acompanhamento médico rigoroso, e em casos selecionados, a retirada do mesmo. Geralmente, estes nódulos não aumentam o risco de câncer de mama, especialmente se não houver história familiar da doença.
A realização do auto-exame mensalmente pode ajudar a notar estas alterações e chamar a atenção da mulher para procurar auxílio médico. O autoconhecimento das mamas permite que as mulheres possam se familiarizar com a forma dos seus seios, e detectar mais facilmente quaisquer mudanças que possam ocorrer. Muitas mulheres têm naturalmente alguns nódulos e assimetrias (diferenças entre as duas mamas), mas o auto-exame permite encontrar alterações que persistem ao longo do tempo, e que não desaparecem após o ciclo menstrual. Alguns sinais podem sugerir uma maior probabilidade do nódulo ser maligno. Geralmente, o diagnóstico será estabelecido com mais certeza e precisão após a avaliação médica da paciente e de seu histórico familiar, e a realização dos exames que forem pertinentes para o caso.
A mensagem mais importante de hoje é a seguinte: TODOS os nódulos de mama persistentes devem ter avaliação de um médico. Praticar o auto-exame mensalmente, conhecer suas mamas, ajuda as mulheres a detectar mais facilmente estas alterações.
Dra. Alice Rodrigues Francisco
Médica Mastologista
Colaboradora Técnica do Grupo Andanças



A Brava Luta Pela Vida

O vice presidente José Alencar foi um exemplo fiel de fé, altruísmo, e amor a vida. Em sua luta pela viada, passou por 17 cirurgias, mostrou-se sempre confiante e nunca derrotado. Nestes anos sua imagem de "homem guerreiro" e "lutador", aliou-se a palavra câncer. A figura de José de Alencar com certeza dirimiu o estigma, preconceito de muitos de nós em relaçõa ao câncer, assim como fez nascer a possibilidade do conhecimento daquilo que tanto nos assusta: o câncer e esu tratamento.
Confira abaixo uma das matérias publicadas pelo Jornal Estado de São Paulo.

A mais dura campanha

José Alencar perdeu o combate contra a doença, mesmo assistido por renomados especialistas. Afinal, por que o câncer ainda é tão letal? Essa é uma das questões para o brasileiro Antonio Wolff, oncologista e professor em Baltimore (EUA)

02 de abril de 2011
 
Mônica Manir - O Estado de S. Paulo
 
 
‘O câncer para mim não é novo", já diria José Alencar em 2006, referindo-se aos primeiros tumores de seu extenso protocolo médico. Em 1997, na antevéspera do Natal, ele extraíra um do rim direito e outro do estômago, ambos malignos, e iria nessa toada pelos anos seguintes, completando um currículo de 17 cirurgias, sistemáticas sessões de quimioterapia e um procedimento experimental nos Estados Unidos que o fez, enfim, anunciar: "É preciso que haja uma evolução no tratamento para que o paciente fique mais seguro, porque, no fim, ele vira uma cobaia, que é o que acontece comigo".

Para o oncologista Antonio Wolff, brasileiro radicado nos EUA desde 1988, o câncer também é velho de guerra, mas como foco de pesquisa. Professor da Johns Hopkins, ele faz a ponte entre a bancada do laboratório e o leito do paciente, buscando especificar o câncer que trata - o de mama. A proposta, que ele estende aos demais tipos de tumor, é aos poucos trocar o bombardeio indiscriminado da quimioterapia pelo míssil teleguiado de novos medicamentos, que vão direto ao ponto, com o mínimo possível de efeitos colaterais.
Sob o sotaque chiado de um carioca da gema, entremeado por expressões em inglês prontamente traduzidas, Wolff explica a seguir o que há de novo no horizonte dessa doença multifacetada, começando pela incidência e terminando pela cura.
O que nos leva a crer que há mais pessoas morrendo de câncer? A maior divulgação da doença? O envelhecimento da população?
O envelhecimento, sem dúvida. O que vem acontecendo nas últimas décadas é o aumento da expectativa de vida da população, seja nos países desenvolvidos, seja nos países em desenvolvimento, em função especialmente da melhoria das condições socioeconômicas. E o câncer é uma doença que, em geral, afeta as pessoas mais velhas. Há uma quantidade pequena de casos com motivação genética, que pode estar ligada a uma mutação. Isso explica tumores em pacientes mais jovens. Mas na maioria das vezes o câncer provém de um acúmulo, ao longo dos anos, de pequenos defeitos na duplicação do DNA que fazem com que certas células venham a ter uma vantagem replicante de sobrevivência. Elas não morrem, mas se imortalizam e perdem o freio.
Existe uma idade a partir da qual todos devem se preocupar?
Não funciona assim, como um interruptor que o corpo ativa a partir de certo momento. É cumulativo. Aos 50 anos, por exemplo, o risco de câncer de mama é de 1 caso em 50. Aos 80 anos, é de 1 em 9. O risco vai aumentando gradativamente. A boa notícia quanto ao envelhecimento é que, quanto mais se vive, mais se vive. Funciona como numa maratona. No primeiro quilômetro, você não tem muita ideia de quem vai completar a prova. Mas quem já fez os primeiros 20 quilômetros tem uma chance muito maior de chegar aos 42 do que aquele que está começando. Os que resistiram até o quilômetro 35 com certeza terminarão a corrida. Em outras palavras, a expectativa de vida aos 65 anos de idade é de mais 20 anos. Aos 75 anos, não é de 10 anos a mais, mas de 12 anos, isto é, espera-se que a pessoa chegue até os 87 anos. Aos 85 anos, a expectativa é de mais 6. Ou seja, aos 91. Faz parte do processo natural de seleção. Mas para isso também é importante se cuidar, evitar o fumo e a obesidade, que aumentam o risco de doença cardíaca e diabete, fazer exercícios. Ou seja, usar bom senso.
Entre os fatores ambientais que poderiam ajudar a disparar o gatilho da doença, quais o senhor destacaria?
Aqui também se pode falar em acúmulo de fatores: há o fumo, o álcool, a radiação... Nos casos de câncer de pulmão e de câncer de cabeça e pescoço (boca, língua, laringe, cordas vocais), o fumo é o mais importante. Há uns 30 anos, o hábito de fumar entre os homens começou a diminuir, ao mesmo tempo que aumentava esse vício entre as mulheres a partir da liberação feminina nos anos 60, 70. Daí decorreu uma pequena redução na frequência de câncer de pulmão em fumantes do sexo masculino e uma maior incidência e mortalidade nos do sexo feminino. Agora, com um atraso de dez anos em relação aos homens, pela primeira vez o câncer de pulmão não é mais o primeiro em mortalidade feminina. Está começando a cair, o que reflete a eficácia das campanhas antifumo a partir do final dos anos 80.
Há algo comprovado em relação ao uso exagerado do celular?
Já cogitaram a associação do uso frequente do celular com o desenvolvimento de tumores no cérebro, mas não existe nenhum estudo definitivo a respeito. O que se sabe, isso sim, é que o álcool e o fumo são uma combinação perigosa para detonar tumores de cabeça e pescoço.
Que efeitos a radiação nuclear pode provocar nas células?
Pensando em Fukushima, sabe-se, depois de três semanas da tragédia, que os níveis de iodo radioativo encontrados no leite e em outros alimentos não são perigosos para adultos, mas para crianças que viviam perto da usina nuclear japonesa, já que a tireoide delas é mais sensível a essa exposição. Ou seja, a preocupação maior é com a tireoide infantil. Mas confesso que, quando você mencionou a palavra radiação, de imediato pensei nos raios solares e no câncer de pele. Não falo só do melanoma - o mais grave, com risco de mortalidade muito maior, porém mais raro -, mas do carcinoma basal, relacionado à exposição aos raios UV. E há também a exposição à poluição ambiental proveniente de outras fontes de energia. Nos EUA, ao redor de 30% da energia produzida vem do carvão e 5% das usinas hidroelétricas, exatamente o oposto do Brasil. O número de pessoas que morrem de câncer anualmente em função de problemas ambientais ligados à extração do carvão e às usinas termoelétricas acaba sendo muito maior do que o número de pessoas que possivelmente foram ou serão afetadas por esse acidente nuclear no Japão.
Pesquisas americanas apontam que metade dos homens e 1/3 das mulheres terão câncer. Por que eles são mais suscetíveis?
Provavelmente por causa de fatores ambientais. Embora o consumo de cigarros venha diminuindo entre os homens, ele está aumentando em países como a China, por exemplo. Comparando os sexos quanto aos tipos de câncer, sabemos que tanto para eles como para elas a incidência de câncer no fígado, no pâncreas e nos rins vem aumentando, assim como o melanoma.
No caso de tumores mais agressivos, como o que afetou o ex-vice-presidente José Alencar, faz diferença descobri-los quanto antes?
O diagnóstico precoce é fundamental no câncer ginecológico, do intestino grosso e de mama, por exemplo, mas no de pulmão e de pâncreas, principalmente neste último, o risco de desenvolver metástase é muito grande, mesmo em tumores diagnosticados precocemente.
Metástase é sentença de morte?
Depende do tipo de câncer. Na minha especialidade, metade das pacientes com doença metastática morre ao final de dois ou três anos. Ao mesmo tempo, cerca de 10 a 15% delas ainda estão vivas, e com a doença, dez anos depois. Isso varia em função do subtipo de câncer de mama que tenham desenvolvido. Com a maior integração entre os pesquisadores de laboratório e os pesquisadores clínicos, aprendemos a identificar de uma maneira mais acurada esses subtipos, o que pode levar a prognósticos bem diferentes.
O tratamento também varia em função do subtipo?
Sem dúvida. O câncer de mama, hoje, não é mais conhecido apenas como um tipo de câncer, mas como, pelo menos, quatro ou mais. Isso nos permite tratamentos mais individualizados, com uma perspectiva maior de eficácia e um risco menor de toxicidade. Existem muitas mulheres com diagnóstico de câncer de mama nas quais diminuímos o risco de recorrência futura após a cirurgia com o uso de agentes antiestrógeno como o tamoxifeno, uma medicação oral, um comprimido enfim, que pode ser mais eficiente para tumores com receptores de estrogênio do que o tratamento com quimioterapia. O comprimido pode inclusive ser ministrado como preventivo para mulheres que tenham um risco definido de desenvolver o câncer num prazo de cinco anos. Em vários casos, até contraindicamos a químio como parte do tratamento.
A quimioterapia estaria com os dias contados?
Quimioterapia é um tratamento muito genérico, mas ela ainda persistirá. De qualquer forma, estamos aprendendo a usá-la de maneira mais específica, sempre em menor quantidade, em casos mais selecionados e com melhores medicamentos de suporte que diminuam efeitos colaterais como náusea e vômitos. Começamos, portanto, a ter remédios que atacam pontualmente certos defeitos genéticos. Em vez do bombardeio geral, buscamos o míssil teleguiado. Num tratamento de câncer de mama, a quimioterapia seria o bombardeio, mas se conseguirmos identificar que a paciente tem uma amplificação de um gene chamado HER2, por exemplo, ela poderá receber um anticorpo que ataca especificamente aquela proteína. Esse anticorpo não causa dano às células padrão, só às anormais.
Há pesquisas comprovando a eficácia dos fitoterápicos?
Meu receio são as modas, o que chamamos em inglês de wishful thinking. São tratamentos recomendados aos pacientes sem nenhum embasamento científico, sem nenhum estudo comprovado. Mas a maior parte dos doentes toma alguma coisa, que seja uma dose maior de vitamina ou uma substância natural, que um amigo recomendou.
Eles confessam o uso desses recursos?
Muitos não confessam, mas sugiro aos meus pacientes que me contem tudo, porque prefiro manter minha cabeça aberta - mesmo porque existem tratamentos alternativos que podem ter uma interação negativa com a quimioterapia, aumentando sua toxicidade ou diminuindo sua eficácia. Peço que dialoguem comigo para saber se faz sentido aliar essas duas frentes. É uma negociação.
O que podemos esperar da terapia gênica?
Pesquisas, mais pesquisas. Esses estudos, aliás, já nos permitem reconhecer os danos genéticos mais fundamentais de tipos diferentes de câncer, o que pode nos ajudar a desenvolver as tais drogas específicas para atacar as células mais primitivas do tumor.
Há perspectiva de uma vacina contra a doença?
Levará um tempo para se chegar a uma vacina desse gênero. Mas uma proporção significativa do custo mundial da doença poderia ser diminuída com a vacinação contra o vírus da hepatite B, doença que pode levar ao câncer de fígado, que é endêmico no Sudeste da Ásia. Da mesma maneira poderíamos aumentar o acesso à vacina contra o HPV, principal causa do câncer cervical, um problema nos países em desenvolvimento. Há a recomendação dos pediatras para que, a partir dos 11 anos de idade, tanto as meninas quanto os meninos sejam vacinados contra o vírus do papiloma humano - antes, portanto, que comecem a atividade sexual na adolescência ou como adultos jovens.
O que existe de mais avançado com relação à imunoterapia?
Na semana passada foi aprovado um medicamento pela FDA, o ipilimumabe, anticorpo que ataca proteínas de linfócitos e pode aumentar a sobrevida de pacientes diagnosticados com melanoma. Esse tipo de câncer de pele tem se mostrado, de certa maneira, intratável - a não ser com cirurgia, e nos estágios iniciais. Nos avançados, a quimioterapia e outros imunoterápicos têm uma ação reduzida.
Em função desse cenário heterogêneo do câncer, há como vislumbrar a cura plena?
Temos que ser um pouco mais honestos conosco e com o público em geral. Você pode dizer que vamos curar a doença cardíaca? Isso não seria realista. Da mesma forma a cura do câncer. Ele não é apenas uma doença. Tipos diferentes podem afetar órgãos diferentes. E o tratamento é individualizado em função do tipo de tumor, do subtipo e do órgão que está sendo afetado. Além disso, se o aumento de casos está muito vinculado ao envelhecimento, não teremos como barrar essa evolução. O que conseguiremos é diminuir a incidência ligada a fatores ambientais, melhorar o diagnóstico precoce, diminuir a morbidade em função do tratamento nas fases iniciais. Naqueles diagnosticados com metástase, pensa-se no controle da doença e na sobrevida graças ao tratamento multidisciplinar com cirurgiões, radioterapeutas, oncologistas. Só nos EUA há 12 milhões de sobreviventes de câncer, curados ou com a doença, grande parte deles reintegrados a uma vida normal e produtiva. Isso, sim, é um dado realista.